quarta-feira, 28 de maio de 2025

Para a infância? Calvin & Hobbes.

Para a adolescência? Zits.

Para a idade adulta? Dilbert.

E a Mafalda? Bom, a Mafalda é para a vida inteira.

sexta-feira, 23 de maio de 2025

Tendo-a conhecido bem ao longo de vários anos, palavra de honra, creio que não houve melhor projecto de requalificação urbana, na linha de Sintra, do que estes cartazes da nova colecção de Verão da Calzedonia.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Independentemente de quem for o próximo secretário-geral do PS — José Luís Carneiro, Mariana Vieira da Silva ou outro —, faço um único apelo: ouça mais Sérgio Sousa Pinto e menos Daniel Oliveira. As declarações de Oliveira no "Antes pelo Contrário" de ontem mostram que ainda não percebeu que a estratégia que defendia às terças e quintas, ecoada por Alexandra Leitão aos domingos, e efectivamente adoptada por Pedro Nuno Santos na maioria da semana, contribuiu directamente para a hecatombe eleitoral do PS. A sua preferência por crises sucessivas, ingovernabilidade e eleições constantes, em vez de um entendimento estável, adulto e institucionalmente responsável ao centro, reflecte o imprudente sectarismo de esquerda que teima em ignorar a História e se recusa a evoluir com as circunstâncias. E para quem, como ele, argumenta que um acordo AD-PS daria ao Chega o papel de oposição, o que só lhe iria conferir mais força, recordo as palavras de António Barreto: "Se as medidas forem boas, o Chega não terá razões para crescer."

segunda-feira, 19 de maio de 2025

Para mim, o momento mais clarificador da noite foi aquele em que, no quartel-general do Chega onde se acompanham os resultados, o jornalista da CNN vai falar com uma imigrante. Pergunta-lhe ele, "Mas votou no Chega? Você não sabe que o discurso deles é anti-imigração?" Resposta da senhora, "Eu sou negra, eu sou brasileira, mas eu trabalho e faço os meus descontos. E quem trabalha e desconta não tem nada a temer."

Presumíamos que os imigrantes, como um bloco homogéneo, votariam automaticamente em partidos democráticos, quiçá de esquerda. Ignorávamos, no entanto, as divisões e animosidades que podem existir entre ele. E que, à semelhança de tantos portugueses, seja por causa da imigração ou por outras razões, também alguns estão zangados com este país, votando em quem melhor expressa esse descontentamento. Mais tarde ou mais cedo, teremos de falar sobre isso, o ressentimento do imigrante em Portugal.

sábado, 17 de maio de 2025

Depois do "EU ODEIO A TAYLOR SWIFT!", o "[o Springsteen] DEVIA FICAR CALADO até voltar ao país" seguido por "Depois vamos todos ver o que lhe acontece!".

Se o cantor que admiras dá origem a uma publicação de nível rasteiro do actual presidente dos EUA, então, meu amigo, é sinal de que tens os gostos certos.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Para aquelas más-línguas que afirmam que o programa do PCP é extemporâneo e que está a precisar fortemente de ser actualizado, respondo: efectivamente, o programa do PCP é extemporâneo e está a precisar fortemente de ser actualizado.

quinta-feira, 15 de maio de 2025

O Livre, o partido-coqueluche da actual esquerda portuguesa, tem uma visão peculiar da função das escolas. Diz o seu programa eleitoral que a escola deve ter um "desenvolvimento centrado no humanismo, na empatia e na cidadania", não se revendo "num sistema de ensino centrado nos conteúdos" e que a fiabilidade das provas escritas para avaliar os estudantes é uma "ilusão".

E uma pessoa tenta imaginar como seriam as escolas portuguesas se o Livre gerisse o Ministério da Educação, com os conteúdos secundarizados e o foco centrado "nos valores humanistas":

"-Joãozinho, 7x4?

-Não sei, professora. Mas vi ontem o 'Ladrões de Bicicletas'. E chorei muito.

-Bravo, Joãozinho! Nota máxima a matemática e quadro de honra no final do ano!"

Ou então como seriam os processos de selecção para entrar em faculdades de engenharia, gestão ou medicina. Médias escolares e exames que espelhem o conhecimento e esforço individual de cada aluno no percurso de aprendizagem das respectivas matérias? Não, não! É agrupar todos os candidatos em grupos de 25 numa sala e pedir-lhes composições sobre um de 3 temas: Gaza, Ucrânia ou o ressurgimento de bairros de lata na margem Sul. De 300 a 400 palavras, claro. Menos do que isso revela pouco compromisso humanista. E mais, uma falta de empatia estrutural pelos pobres estudantes.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Parece que chamar "fascista" ao inimigo passou a estar "démodé" para os sectários de esquerda. Agora, o termo "cool" é "oligarca". Pelo menos é essa a ideia com que se fica ao ler o "manifesto eleitoral" do Bloco de Esquerda (já que o partido não apresentou programa para este ano, optando por remeter para o de 2024). Banca, distribuição, petrolíferas, tecnológicas... há oligarcas em tantas esquinas que a Rússia fica transformada numa democracia exemplar.

Das duas, uma: ou os membros do Bloco referem-se ao mundo inteiro, estando muuuuito optimistas relativamente à capacidade de alcance das medidas de um partido português que nem 4,5% dos votos conseguiu nas últimas eleições; ou então olharam para as empresas do PSI 20 (BCP, Jerónimo Martins, Galp, etc.) e gritaram, sem fundamento, "Portugueses, eis quem verdadeiramente vos governa!" Vá lá que, entre poucas mais, escaparam os CTT e a Navigator. O que prova que ainda há o mínimo de noção para aqueles lados. Quão cómico seria ver escrito "os oligarcas dos correios e do papel para fotocópias"?

domingo, 11 de maio de 2025

Os meus amigos cinéfilos haveriam de gostar de ler o programa do Chega destas legislativas. Afinal, nele está expressa a garantia de mais recursos públicos para o cinema português. Só há uma questão: têm de ser filmes "que valorizem a identidade e a história portuguesa". O que pode nem ser problema nenhum. Pelo menos para os que entendem que o apogeu do cinema português foi atingido graças ao trabalho de António Ferro, director do Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo.

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Os Esports, meus amigos! Os Esports! É só pelo programa da IL que este sector tão ostracizado pela sociedade ganha, por fim, voz. Dizem-nos os liberais que os Esports são nada menos do que "uma das maiores transformações no panorama do desporto e entretenimento do século XXI"! Dizem-nos os liberais que, com as devidas políticas públicas para os Esports, seria possível trazer "2 mil milhões de euros por ano", o equivalente a "0,59% do PIB nacional", até 2035! O que não fariam pelo nosso país os Esports!

Mas, infelizmente, e apesar de promoverem "valores como o trabalho em equipa, a resiliência, a meritocracia e a inovação", os Esports sofrem em Portugal... E sofrem pela ausência de “qualquer enquadramento legal claro"... O resultado é, como se adivinhava, trágico: "Os estudantes-atletas que competem profissionalmente vêem os seus compromissos ignorados pelas instituições de ensino", levando à "emigração de talento e a fuga de valor para outros países da União Europeia".

Felizmente, há esperança. Graças à IL, o país passará a "reconhecer os Esports como desporto" e estes terão "tudo aquilo que em Portugal merecem, e tudo aquilo que o Estado ainda lhes recusa". Por isso, jovens adultos trancados nos vossos quartos, mestres de "Counter Strike" e "League of Legends", é hora de trocar as fitas LED pela luz natural. Pegai nos vossos ratos ergonómicos! Pegai nos vossos headsets da Logitech! Pegai nos vossos teclados, nas vossas Xboxs, nas vossas Playstations, Wiis ou Nintendos! E fazei justiça aos Esports! Votar na IL é dar "play" ao jogo da revolução!

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Renata Cambra pelo MAS em 2022, Inês Bravo Figueiredo pelo Volt em 2024, Raquel Coelho pelo PTP em 2025. 

Vale sempre a pena espreitar os debates dos partidos sem assento. Pelo menos, para mim.

domingo, 4 de maio de 2025

Warren Buffett vai abandonar o cargo de CEO da "Berkshire Hathaway" até ao final deste ano, passando, por fim, o testemunho àquele que vinha sendo anunciado como o seu expectável sucessor, Greg Abel. Tenho lido investidores nacionais exprimirem-se articuladamente (e emocionadamente) sobre a importância dos ensinamentos dele para as suas escolhas individuais, tanto na bolsa como fora dela. Se dúvidas houvesse, ficam com eles dissipadas: numa era de decisões impulsivas e de resultados imediatos, o exemplo da paciência analítica e espera pelo longo prazo corporalizado pelo "oráculo de Omaha" tornam-no num reduto de inesgotável sabedoria. E, como sempre, a antítese fleumática para o turbilhão alvoroçado que continua a definir Wall Street.

Nessa linha de homenagens, junto a minha pela recomendação deste precioso livro. Se Buffett é o Marco Aurélio dos investimentos (para além do estilo de vida frugal, probo e generoso que consistentemente o caracteriza, toda a sua filosofia é estoicismo aplicado à bolsa, criando, reforçando e mantendo as suas posições racionalmente em períodos de crise ao invés de deixar as emoções atraiçoarem-no), então este volume, embora escrito por outro, é o seu "Meditações".

«“Let's say you are going away for ten years,” he said, “and you wanted to make one investment and you know everything that you know now, but you couldn’t change it while you were gone. What would you think about?” Of course the business would have to be simple and understandable. Of course the business would have to have demonstrated a great deal of business consistency over the years. And of course, the long-term prospects would have to be favorable. “If I came up with anything in terms of certainty, where I knew the market was going to grow, where I knew the leader was going to be the leader—I mean worldwide—and where I knew there would be big unit growth, I just don’t know anything like Coca-Cola,” Buffett explained. “I'd be relatively sure that when I came back they would be doing a hell of a lot more business than they do now.”»

sábado, 3 de maio de 2025

Senhoras e senhores, Warren Buffett

«O comércio pode ser um acto de guerra e isso pode levar a coisas más. Deveríamos estar a procurar fazer comércio com o resto do mundo. Deveríamos fazer o que fazemos melhor, e eles deveriam fazer o que fazem melhor. Era isso que fazíamos originalmente. Produzíamos tabaco e algodão, há 250 anos. E fizemos comércio com eles. (...) Tornámo-nos num país incrivelmente importante, começando do nada, há 250 anos. É um grande erro, no meu entender, quando se tem 7 mil milhões e meio de pessoas que não gostam muito de nós e se tem 300 milhões que se estão de alguma forma a gabar sobre o quão bem se saíram. Não acho que seja certo, nem sábio. Acho que, quanto mais próspero o mundo se tornar, mais prósperos nos tornaremos. E mais seguro o mundo se sentirá. E as vossas crianças se sentirão um dia.»

(Da reunião anual da "Berkshire Hathaway", que está agora a decorrer.)

quinta-feira, 1 de maio de 2025

Em 2015, apareceu 4 vezes. Em 2019, já foi 22. Em 2022, subiu ligeiramente para 23. Em 2024, aumentou para 26. E agora são 32. 32 vezes que a palavra "resiliência" (e seus derivados) surge no programa eleitoral do Partido Socialista. O que quer o PS para a economia? "Resiliência". Como quer ele tratar a água? Adquirindo "resiliência" hídrica. Onde está o foco do Programa de Intervenção para a Floresta? Na "resiliência" dos espaços florestais. E o que dizer da transição energética? Há que promover a "resiliência" do sector. Seja sobre actos eleitorais, a cibersegurança, a agricultura, o SNS, a sociedade ou o país como um todo, se é uma área onde o Estado está envolvido, então podem estar certos de que o PS vai definir as suas ambições para ela recorrendo, muito provavelmente, à mesma palavra de ordem.

Embora a diferença não seja gritante, no da AD, o termo surge 19 vezes e, no da IL, está presente apenas 12. Por isso, duas impressões ficam após se ler o programa do PS. A primeira, a da admissão tímida de um partido que, após 8 anos no governo, deixou o país tudo menos resiliente. E a segunda, a de que se está a precisar, para os lados do Largo do Rato, de um dicionário de sinónimos. Urgentemente.