domingo, 10 de julho de 2022

As belas e os monstros (do cinema)

Já conhecia a Scarlett Johansson, em indumentária decotada e amarrada numa cadeira, a ser intimidada pelo Skolimowski no "Avengers". Mas só ontem vi o "Jack Reacher", e qual não é o meu espanto quando me deparo com a Rosamund Pike em condições similares de vulnerabilidade (e de guarda-roupa, embora menos generoso) diante do Werner Herzog. Quando é que começou esta combinação curiosa de actrizes lindíssimas e cineastas conceituados europeus em cenas meio-sádicas-meio-sexys de blockbusters americanos? Mais importante: como é que serão as conversas ao telefone no processo de casting? "'Tou, Godard? Daqui o Michael Bay. 'Tá tudo fixe, obrigado. Olha, queres entrar no novo filme das Tartarugas Ninja? Hmmm, hmmm... Hmmm, hmmm... Percebo-te. Bom, se realmente pensas isso de mim, lá vou ter de arranjar outro tipo para contracenar com a Megan Fox manietada enquanto veste um top veranil justo e fino. O quê, JLG? Mudaste de ideias? Boa, boa! Cá te espero na 2ª, então. Cumprimentos à Anne-Marie. Com licença, com licença." Eis algumas sugestões do meu lado se a tendência voltar a pegar um dia:

Jennifer Lawrence em corpete vs Aki Kaurismäki

Marisa Tomei em roupa colegial vs Philippe Garrel 

Alexandra Daddario em fato de odalisca vs Pedro Costa

E, porque também sou pela igualdade de género, Ryan Gosling em mankini vs Claire Denis

sábado, 9 de julho de 2022

O tom de neo-western eastwoodiano, os desempenhos maduríssimos da Diane Lane e do Kevin Costner, a expressividade dramática dependente mais dos rostos e gestos dos actores do que dos diálogos... Há várias razões para recomendar o "Let Him Go", mas talvez nenhuma mais importante do que a de ver um cineasta determinado em devolver as nuvens ao cinema americano. Não é uma questão retórica, mas genuína curiosidade dirigida a quem saiba responder: quem é que, do outro lado do Atlântico, filma hoje planos gerais assim?

Let Him Go (2020), Thomas Bezucha




domingo, 3 de julho de 2022

Conselho de escrita #1

Não abusem de palavras caras quando expressões linguísticas singularmente compreensíveis e despretensiosas manifestam uma capacidade congruente com a satisfação integral do propósito almejado.