sábado, 28 de janeiro de 2023

"Grande Gatsby" + "Nickelodeon" + "Dia dos Gafanhotos" + "Serenata à Chuva" + uns pozinhos de Stan Brakhage lá para o fim. É um cocktail explosivo, arriscado, certamente extravagante, e, no entanto, não tão impossível para estômagos sensíveis como tinham alertado (ou isso ou na sessão onde fui éramos todos muito rijos). É também raro, delicioso, inebriante, e, sobretudo hoje em dia, de uma enorme e salutar refrescância. Megalomania abençoadamente decadente, planos-sequência sempre motivados pelo movimento das personagens, montagem paralela a garantir a sincronização tonal das trajectórias das figuras principais, e uma banda sonora meticulosa que calibra e coordena o ritmo voraz desta parada hedonista rumo ao abismo. Como se não bastasse, adicione-se Margot Robbie de vestido vermelho, Brad Pitt de carisma de meia-idade, uma citação (directa ou indirecta? perguntem ao Chazelle) ao "Le papillon de Griffith", outra ao "Marrocos" do Sternberg, e uns 10 minutos finais que, sem diálogos, dizem mais sobre o cinema do que toda a retórica d'"Os Fabelmans". Perguntam-me se sou "team Babylon"? Ó meus amigos, se for preciso, até jogo a ponta-de-lança.

Babylon (2022), Damien Chazelle

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Em tempos, Mark Twain escreveu um dos meus aforismos de eleição: "Eu não pergunto de que raça é um homem; basta que seja um ser humano; ninguém pode ser nada pior". 

Pelos mesmos motivos, quando conheço alguém, para além da sua raça, não me interessa a sua religião, a sua etnia, a sua nacionalidade, o seu peso, a sua orientação, o seu tipo de sangue, o seu regime alimentar, a sua cor natural de cabelo, se vota mais à esquerda ou mais à direita, se é destro, canhoto ou ambidextro, se prefere apanhar o elevador ou ir de escadas... E também não me interessa a sua identidade de género. É um ser humano e limito-me a olhá-lo como tal. Isto é: da pior maneira possível.

sábado, 21 de janeiro de 2023

A 3ª melhor coisa das almoçaradas com amigos da escola que já não vemos desde há anos é ter um pretexto para poder partilhar esta canção.

(A 2ª é, evidentemente, trocar bocas relativamente à queda capilar transversal aos membros da mesa. E a 1ª não se diz por aqui.)

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Se o caro leitor ainda contém a ingenuidade de achar ter certezas nesta vida, então fique a saber que a "Häagen-Dazs" é uma marca nova-iorquina (e sem qualquer génese escandinava), que a pizza Havaiana foi inventada no Canadá, e que temas célebres de Quim Barreiros tão tipicamente portugueses como "A Garagem da Vizinha", "Bacalhau à Portuguesa" e "A Cabritinha" são, na verdade, "covers" nacionais de canções brasileiras.


domingo, 15 de janeiro de 2023

Tenho a teoria de que o Zuckerberg é um devoto apreciador de Salma Hayek e, ao criar o Facebook, colocou como "easter egg" uma série de mensagens a idolatrar a sua musa calipígia pelo tradutor automático da plataforma. Ou isso ou o idioma árabe (a partir do qual ocorreram os resultados em baixo) é imbatível em termos de polissemia.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Do you feel democratic, punk?

"Daí a minha defesa do uso de força letal nestas circunstâncias. Ver a polícia recorrer a canhões de água ou a gás lacrimogéneo é um grande avanço civilizacional no controlo de manifestações violentas, em relação a um passado que acabava com gente morta. Mas a polícia não pode deixar as armas no bolso quando uma multidão ululante invade e destrói a casa da democracia." JMT no Público de hoje

Chamem-lhe "Dirty Tavares"

(sugerido por Ricardo Gross)

domingo, 1 de janeiro de 2023

A razão pela qual ainda não será, em 2023, que entrarei em actos de auto-imolação pelo fogo como protesto contra a denominada "linguagem neutra", o emprego abusivo de estrangeirismos em reuniões empresariais, e a tendência crescente generalizada para a supressão da vírgula que acompanha o vocativo.

(Fotos de rodagem de "Megalopolis", o novo filme de Francis Ford Coppola.)