terça-feira, 25 de julho de 2017

De um Gigante para Outro

«Sabe melhor do que ninguém (e nisso consiste o seu mais poderoso auxiliar) com que força irresistível os criminosos, sobretudo os intelectuais, experimentam esta tentação [de confessar os respectivos crimes]. O grande Edgar Allen Poe escreveu a esse respeito obras-primas que constituem exactas anotações da verdade.» 

Leão Tolstoi, "O Homem dos Olhos Brancos" in Polikuchka (Publicações Europa-América).

(A quem interessar, Rimbaud chamou ainda a Os Miseráveis, "um verdadeiro poema".)

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Para guardar do «Elle a passé tant d'heures sous les sunlights...»

«Il me reste d'être l'ombre parmi les ombres
D'être cent fois plus ombre que l'ombre
D'être l'ombre qui viendra et reviendra
dans ta vie ensoleillée.»

Robert Desnos

(Via este belo filme de Garrel)






 




sexta-feira, 21 de julho de 2017

Dos abraços de "Little Men"

«Ira Sachs (...) usufrui de uma tendência quase proustiana em relação à juventude, galgando pela tenra carne do elenco jovem, servindo-os de condutor para uma perspectiva de "dois gumes" por entre mundos não combinados. O lado adulto, imperceptível para os nossos protagonistas, e os anos verdes, negligenciados por adultos inseridos em vórtices existenciais e ideológicos.»
Hugo Gomes sobre Little Men (2016) de Ira Sachs.

Filho-Mãe; Pai-Filho; Pai-Mãe. O abraço é o único consolo que une os vários mundos geracionais e incompatíveis de Little Men.




Títulos...

-We Can't Go Home Again
-One From the Heart
-De Tanto Bater o Meu Coração Parou
-Nós Controlamos a Noite

Andava para aqui a pensar quais seriam os títulos de filmes mais bonitos que conhecia e ocorreram-me estes.

quarta-feira, 12 de julho de 2017

terça-feira, 4 de julho de 2017

Truffaut sobre os Gigantes

«Rossellini: "É um dos raros cineastas que preferem a vida ao cinema, a realidade à ficção, a reflexão à inspiração, o homem ao actor, o conteúdo à forma que o contém."

Renoir: "Não estou longe de pensar que a obra de Jean Renoir é a de um cineasta infalível; digamos mais comedidamente que o trabalho de Renoir foi sempre guiado por uma filosofia da vida que se exprime com a ajuda de algo que se assemelha muito a um segredo profissional: a familiaridade."

Hitchcock: "O cinema de Alfred Hitchcock sem ser sempre exaltante é sempre enriquecedor, quanto mais não seja pela lucidez espantosa com que denuncia as ofensas que os homens fazem à beleza e à pureza."

Orson Welles: "Como Henry James, beneficiou de uma cultura cosmopolita e veio a pagar caro esse privilégio com o inconveniente de não poder sentir-se em sua casa em parte nenhuma: americano na Europa, europeu na América, ele será sempre, senão um homem despedaçado, ao menos um homem dividido."

Ernst Lubitsch: "No papel, um argumento de Lubitsch não existe, não tem nenhum sentido, depois da projecção também não, tudo se passa enquanto olhamos."»

Carlos Melo Ferreira, Truffaut e o cinema (Edições Afrontamento, 1990).

segunda-feira, 3 de julho de 2017

É você, caro leitor?


«(...) Era na época em que ele não sabia que impressão desejava provocar nos outros. O jovem obcecado pelo cinema. O que esteve ele aqui a fazer?
(...)
Ele era extravagante e inventivo, improvisava o trabalho e tinha muitas ideias a respeito do cinema, da situação do cinema, do significado do cinema, da linguagem do cinema.
(...)
Ele estava cheio de sofrimentos ridículos, de impulsos exagerados, tinha um ar sombrio que caracterizava mais um estilo do que um conjunto de circunstâncias deprimentes, e parecia extremamente satisfeito consigo próprio quando amaldiçoava a neblina glacial que se espalhava pelas encostas.»

Don DeLillo, Os Nomes (1982).
Tradução de Maria Manuela Ribeiro.

domingo, 2 de julho de 2017

Hitchcock, Preminger, etc.

«Não acredito em liberdade total de criação. O criador deixado nessa dimensão de liberdade total tende a não fazer nada. Liberdade total é algo perigoso para um artista. Essa espera pela inspiração, essa ideia romântica... Não, artistas são psicologicamente transgressores. Têm uma necessidade infantil de transgredir. E, para isso, precisam de ter pais, diretores, presidentes, padres, polícias... Eu também preciso de um contraste, alguém que me irrite. Preciso de um inimigo de quem possa defender as coisas que faço.»

Fellini, em conversas privadas com Ettore Scola e que estão nessa bonita carta de amor que é o documentário Che strano chiamarsi Federico (Que Estranho Chamar-se Federico, 2013) realizado pelo último.