sexta-feira, 29 de outubro de 2021

A dada altura do "Bergman Island", alguém diz qualquer coisa como: "Tu gostas muito do Bergman." A partir daí, para um fã de Gato Fedorento, torna-se difícil olhar para o filme da mesma maneira.


terça-feira, 26 de outubro de 2021

 «Detesto biopics. Não deve haver género que produza mais lixo por ano. Os biopics são redutores, esquemáticos, ilustrativos, apressados. Não se mete uma vida (real) em cento e cinco minutos. E as excepções são tão poucas que sem ir espreitar à estante nem me lembro de nenhuma. Devia haver uma taxa Tobin para biopics.»

«Prova de Vida (Diários 2004-2006)», Pedro Mexia

(Um texto que não parava de me vir à cabeça, no outro dia, quando me pus a ver o "Lovelace".)

sábado, 23 de outubro de 2021

"-Porque é que os únicos noticiários que vês são da Sic Notícias? Ficas melhor informado?

-Bom... porque... pois... como explic... Olha, sim. Porque fico melhor informado."

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

À Armas! À Armas! Sobre a terra, sobre o mar.

O Fritz Lang costumava contar uma história sobre o Harry Cohn e de como este sabia que um filme tinha tempo a mais. Dizia o Lang que, no final de um determinado visionamento a que assistiu com o controverso produtor, ele levantou-se da cadeira, aproximou-se do ecrã prateado, virou-se para os presentes na sala e disse: "Este filme é bom. Mas tem exactamente 19 minutos a mais." Perguntaram-lhe: "Mas porquê 'exactamente' 19? Porque não 15 ou 30?" Resposta do Cohn: "Porque, a exactamente 19 minutos do fim, comecei a sentir comichão no meu rabo. E se eu sinto essa comichão, então a audiência também sentirá." E dizia o Lang, quando acabava de contar isto, que o Cohn tinha razão, que a partir do momento em que um espectador sentia comichão no seu derrière, então o filme tinha-o perdido. Quem dirá que é mentira?

Tendo esta história em conta, deixem-me dizer o que senti com o último 007. A 1 hora do fim, começo a sentir a tal pequena comichão; a 45 minutos, começo a questionar-me se estou em contacto directo com uma corrente eléctrica de 5 miliamperes; a 30 minutos, sinto a evolução violenta para um denso monte de urtigas; e a 15 minutos, estou a olhar para baixo, a tentar descobrir se algum energúmeno deixou uma STIHL ligada no meu lugar.

(A boa notícia é: mas antes há Ela, o melhor do filme "by a long shot", capaz de eclipsar tudo o que vem antes e ofuscar tudo o que virá depois. E por isso em verdade, em verdade vos digo: não é a Ana de Armas que é a nova Bond Girl, é o James Bond que é o novo Armas Boy.)

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Entretanto, não sei se os meus amigos já repararam, mas há no Letterbox alguém que, à semelhança do que já se fez com o blog do Daney, está a disponibilizar críticas online do grande Andrew Sarris. A conta chama-se "Not Andrew Sarris" e, pelos meus cálculos, contém 497 textos que vão desde um Sarris pré-autorista dos anos 50 até aos anos 2000, onde até estão incluídas algumas das introduções escritas aos realizadores do seminal "The American Cinema". 

Entre ataques ao "Lawrence da Arábia" a elogios ao "Pearl Harbor" (I kid you not!), entre diálogos esquizofrénicos sobre mediocridades a louvores certeiros aos grandes mestres, saliento esta pequena pérola ao "Hard Day's Night" do Richard Lester, talvez a maior crítica que conheço ao filme, onde, para além de enumerar sumariamente tudo o que o caracteriza formalmente, tem uma defesa contra quem ataca os Beatles (e algum rock 'n roll) pela banalidade das letras, humildade na forma como demonstra que errou quanto a rigidezes teóricas estéticas no passado (nomeadamente, a deploração do uso do zoom), e todo um fluxo de entusiasmo constante que conduz a um dos melhores remates de um texto sobre cinema, sobre os Beatles, sobre rock 'n roll... Olhem, um dos melhores remates de um texto, ponto.

https://letterboxd.com/notandrewsarris/film/a-hard-days-night/

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

3 coisas a elogiar do "Fátima"

  1. Joana Ribeiro (o verdadeiro milagre do filme é aquele rosto); 
  2. Saber que o Andrea Bocelli ainda não se reformou;
  3. O departamento de "catering vegan" nos créditos finais (na imagem).

E é só.