domingo, 24 de dezembro de 2023

Neste Natal, em harmoniosa noite de consoada, não se esqueçam de enfastiar miúdos e graúdos, os vossos e os dos outros, ensinando-lhes como formar correctamente o plural de "bolo-rei". Boas festas.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Seja-se de esquerda ou direita, apartidário ou militante, abstencionista ou regular eleitor, creio que é difícil não simpatizar com aquela frase de pendor cinematográfico (Ozu, Ford, Visconti, Coppola, Eastwood, até mesmo o último "Indiana Jones") dita por Passos Coelho, à porta do tribunal: "Cada um tem o seu tempo, e este tempo não me pertence." E ninguém se lembrou de lhe pedir que caminhasse para longe, de costas para a câmara, enquanto a orquestra anunciava a entrada dos créditos.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Melhores do ano 2023 - À Pala de Walsh

Mais do que as listas, os textos que as justificam. Por exemplo: o Bernardo Vaz de Castro e o elogio aos esforços dos cineastas veteranos enquanto actos de resistência; a Inês Lourenço e as apreciações coreográficas de um par de "blockbusters" contemporâneos; o Pedro Florêncio e o motivo enternecedor que o leva a colocar a obra de culto "Escola de Coelhos: Missão Ovo Dourado" em lugar cimeiro; o Ricardo Vieira Lisboa e o enaltecimento de "Fast X" como prova de que o cinema permanece vivo enquanto experiência social; ou o Duarte Mata e essa sua habilidade singular de escrever justamente aquilo que eu penso.

https://apaladewalsh.com/2023/12/os-melhores-filmes-de-2023/

domingo, 17 de dezembro de 2023

Top 10 obras-primas 2023

  1. Taylor Swift, "Taylor Swift: The Eras Tour"
  2. Margot Robbie, "Babylon" / "Barbie"
  3. Lou de Laâge, "Coup de Chance"
  4. Paula Beer, "Céu em Chamas"
  5. Hayley Atwell, "Mission Impossible: Dead Reckoning - Part One"
  6. Florence Pugh, "Oppenheimer"
  7. Scarlett Johansson, "Asteroid Ciy"
  8. Vanessa Kirby, "Napoleon"
  9. Cate Blanchett, "Tár"
  10. Merve Dizdar, "As Ervas Secas"

Prémio Galateia: Cátia Santos, Podcast "Socorro, Sou Cientista!"













Notas finais (em plural majestático e com recurso a expressões latinas, como justifica a seriedade da nossa apreciação): 

1) "In illo tempore", escrevemos confiantemente as seguintes palavras: "nenhum filme com [Gal] Gadot será completamente mau porque a sua harmonia de formas, fotogenia, carisma e personalidade simplesmente não o tornam permissível". Não tinha ainda sido feito "Heart of Stone", nulidade genérica absoluta, produto algorítmico disforme, nadir vexante cinematográfico onde nem os atributos estéticos de Gadot foram capazes de resgatá-lo minimamente do olvido total de que é completo merecedor. Admitimos: enganámo-nos nas nossas convicções. E, por isso, embora tenha participado num filme em 2023, embora tenha ocupado consistentemente o topo do pódio desde que começámos com esta lista, vêmo-nos forçados a não incluí-la, de todo, neste ano, chorando o peso da difícil decisão enquanto revemos sucessivas vezes consecutivas a cena com ela no provador de "Keeping Up with the Joneses".

2) Poderíamos justificar a decisão de atribuir os novos louros a Taylor Swift. Ao invés, optamos por citar Paul Schrader: "[Swift] é a luz que dá significado a todas as nossas vidas, a deusa que torna a existência possível e sem a qual vaguearíamos eternamente numa escuridão sombria inimaginável." Ámen, irmão Schrader. Ámen.

3) Relativamente à vencedora do Prémio Galateia, aconselhamos vivamente o mencionado podcast, cuja locutora de melíflua voz (e não só) nos informa, elucida e esclarece sobre as mais variegadas curiosidades científicas, ao mesmo tempo que nos presta verdadeiro consolo anímico. O futuro da comunicação científica portuguesa passa por aqui. E desta convicção não nos enganaremos.

sábado, 16 de dezembro de 2023

A prepararmos o top deste ano. Os resultados sairão nos próximos dias e o grande vencedor parece ser ainda mais incerto do que o destas eleições internas do PS.



sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

Costumava ter uma piada sobre o Wim Wenders: "A última vez que ele fez um bom filme, o muro de Berlim ainda estava de pé." Tendo saído agora de "Perfect Days", que bem sabe citar The Smiths: "That joke isn't funny anymore." É de uma simplicidade surpreendente, e recupera algo que parecia totalmente desaparecido do cinema contemporâneo: a classe operária e a beleza singela na representação documental do seu trabalho. Está ao nível dos melhores do realizador alemão. Mal posso esperar que entre no top de cinema do Público de 2083.

sábado, 9 de dezembro de 2023

Compreendendo que está diante do homem que lhe removerá implacavelmente a vida, a personagem de Tilda Swinton pondera a totalidade da sua existência para soltar sapientes palavras de universal ressonância quanto à tragédia da humana condição.

The Killer (2023), David Fincher

Já as tinha apanhado, no ano passado, com um dos filmes do ciclo "Mestres Japoneses Desconhecidos". Voltei a apanhá-las, ontem, com o novo Erice: pessoas que levam baldes de pipocas para filmes "arthouse". Se Dante fosse vivo, era a pensar nelas que acrescentaria mais um círculo no Inferno.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Do cavalheirismo na política

Nos EUA, ontem, ocorreu o último debate para as primárias republicanas. Nikki Haley revela-se, cada vez mais, a potencial candidata capaz de enfrentar Trump nas eleições internas do próximo ano, tal a velocidade galopante com que veio a subir nas sondagens e a angariar novas doações. Ron DeSantis e Vivek Ramaswamy (outros 2 candidatos) sabem-no e, numa tentativa desesperada de manchar a imagem da sua rival, passam os primeiros 25 minutos do debate a atacar sistematicamente Haley. Sobretudo, Ramaswamy, e de um modo bastante primário. Até que Chris Christie (o meu favorito na corrida e, infelizmente, aquele que surge em último nas sondagens) farta-se do nível rasteiro das investidas e assume o púlpito para dizer o seguinte:

«Estamos a 25 minutos do debate e ele [Ramaswamy] insultou a inteligência básica de Nikki Haley. Não as suas posições, mas a sua inteligência básica. "Ela não sabe as regiões da Ucrânia.", "Ela não sabe encontrar algo no mapa que o filho de 3 anos consegue." Olhem. Se quiserem discordar em questões, não há problema. A Nikki e eu discordamos nalgumas. Mas digo-vos isto. Conheço-a desde há 12 anos - que é mais tempo do que ele está a votar no Partido Republicano - e embora discordemos em certos temas e em quem deve ser o presidente dos EUA, não discordamos de que esta é uma mulher inteligente e realizada. Por isso, devias parar de insultá-la.»

Num tempo onde tantos políticos revelam pouca integridade e muita boçalidade, que bem sabe ver alguém como Christie para nos fazer voltar a acreditar na força de carácter e no cavalheirismo.