segunda-feira, 15 de junho de 2020

Só porque gostava de ter lido mais citações dele por aqui.

«Os outros nascem para viver, estes para servir. Nas outras terras do que aram os homens, e do que fiam e tecem as mulheres, se fazem os comércios: naquela o que geram os pais e o que criam a seus peitos as mães, é o que se vende, e se compra. Oh trato desumano em que a mercancia são homens! Oh mercancia diabólica, em que os interesses se tiram das almas alheias, e os riscos das próprias! (...)

Estes homens não são filhos do mesmo Adão e da mesma Eva? Estas almas não foram resgatadas com o sangue do mesmo Cristo? Estes corpos não nascem e morrem, como os nossos? Não respiram com o mesmo ar? Não os cobre o mesmo céu? Não os aquenta o mesmo Sol? Que estrela é logo aquela que os domina, tão triste, tão inimiga, tão cruel?»

«Sermão vigésimo sétimo», Padre António Vieira

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Um adeus ao Lennie Niehaus (1929-2020), compositor e camarada - conheceram-se no exército, década de 50 - de longa data de Clint Eastwood.

(Antecipando a eventual questão: "Mas esta música não é do Clint?". Eastwood compôs, Niehaus fez os arranjos e orquestração, e da colaboração entre um e o outro resultou o mais bonito tema já posto sobre um pôr-do-sol.)

quarta-feira, 3 de junho de 2020

The Geisha Boy (1958), Frank Tashlin


"And then I see a darkness..."

O que fica do derradeiro Pakula, The Devil's Own? A fotografia desse mago da luz, o "Príncipe das Trevas" Gordon Willis, com aquela paleta de castanho, âmbar e negro, onde as personagens são mergulhadas com as suas ambiguidades morais e crises de consciência. Um filme dos anos 90 com sombras dos anos 70. Depois disto, veio-lhe a reforma, fartou-se de esperar que os actores saíssem dos camarins (palavras do próprio). Mas certificou-se de que ia deixar saudades no que é, a esparsos momentos, um longo adeus em chiaroscuro.