Para mim, o momento mais clarificador da noite foi aquele em que, no quartel-general do Chega onde se acompanham os resultados, o jornalista da CNN vai falar com uma imigrante. Pergunta-lhe ele, "Mas votou no Chega? Você não sabe que o discurso deles é anti-imigração?" Resposta da senhora, "Eu sou negra, eu sou brasileira, mas eu trabalho e faço os meus descontos. E quem trabalha e desconta não tem nada a temer."
Presumíamos que os imigrantes, como um bloco homogéneo, votariam automaticamente em partidos democráticos, quiçá de esquerda. Ignorávamos, no entanto, as divisões e animosidades que podem existir entre ele. E que, à semelhança de tantos portugueses, seja por causa da imigração ou por outras razões, também alguns estão zangados com este país, votando em quem melhor expressa esse descontentamento. Mais tarde ou mais cedo, teremos de falar sobre isso, o ressentimento do imigrante em Portugal.
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