quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Diário de Singapura: Dia 4

Marina Bay é o zénite de Singapura em termos de ostentação, design, arquitectura, inovação e fotogenia. Dois edifícios destacam-se na paisagem urbana à sua chegada: um cuja forma concoidal o torna num primo arquitectónico não muito distante da Sydney Opera House; o outro constituído por 3 torres altas de curvas minuciosas que sustentam, juntas, uma longa plataforma semelhante a um navio.

O primeiro, o Art Science Museum, presenteia o visitante, no exterior, com um lago de nenúfares que encaminha o olhar para a metrópole e, no interior, com envolventes atracções lúdico-didácticas, das quais se destaca uma cascata de cores atravessada por um corredor estreito, algo visualmente reminescente do portal de estrelas para o qual Keir Dullea era engolido no final de "2001: Odisseia no Espaço".

Mas é o segundo, o Marina Bay Sands, que causa a impressão mais forte. São 55 andares distribuídos ao longo de 198 metros de altura. Está aqui a piscina mais alta do mundo. E o casino mais caro também. É um hotel e um centro comercial unidos por um rápido percurso feito de corredores e escadas rolantes. Algumas lojas lá encontradas? Prada, Louis Vitton, Tiffany & Co, Saint Laurent, Dior, Gucci, Chanel. E isto são só aquelas que compartilham o mesmo piso. Olhando para baixo, observa-se um corpo de água que pode ser percorrido por pequenos barcos acessíveis a qualquer cliente. Um riacho artificial navegável no meio de um shopping, portanto. Se alguém a ler isto tem esse poder, por favor, importe o conceito para Portugal. 

E o casino? 4 andares, 2500 "slot machines" feitas de ecrãs tácteis, dragões em néon, coberturas de motivos serpentinos sobre as mesas de cartas, roletas tradicionais físicas e modernas digitalizadas, jogadores a fumarem nas mesas de apostas (num país tão conhecido pelas medidas anti-tabagistas!) e uma a seis câmaras por metro quadrado no tecto dos patamares abertos ao público em geral. Lamentavelmente, não me permitem tirar fotografias.

Porém, o espaço mais impressionante de todos esconde-se nas traseiras deste edifício: Gardens by the bay, feito hercúleo de preservação ambiental e arquitectura paisagística. Entre vidros, coabitam as mais diversas plantas, flores e árvores provenientes de distintas partes do planeta, as quais se encontram segregadas por zona geográfica. É na correspondente à Califórnia que tenho a sorte de registar um corajoso e inesperado pedido de casamento de desfecho entusiasticamente aplaudido. Ao ar livre, existe um parque de painéis fotovoltaicos incorporados em colossais estruturas de design arbóreo entre a densa vegetação natural. Milhares de pessoas acumulam-se aos pés destas denominadas "super-árvores", todas as tardes, para assistir ao organizado desabrochar das suas luzes motivado pelo desvelar da noite. Foi neste espectáculo luminescente que o canto do leão-sereia singapurense se me revelou mais sedutor. E, acrescento, onde dificilmente mais alto se fará ouvir.










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