Sérgio Sousa Pinto, no Contrapoder de ontem, afirma que Cotrim de Figueiredo avança para as presidenciais porque, com ele, a conversa torna-se substantiva. Enquanto espectador, é um facto: os debates eleitorais onde a IL está presente forçam o confronto entre diferentes modelos económicos, sendo dos mais pedagógicos, estimulantes e recompensadores de assistir. Mas há algo que SSP não menciona: o facto de, em 2022, após ter ganho umas eleições que quadruplicaram o número de votos e octuplicaram o número de deputados da IL no parlamento, Cotrim de Figueiredo ter anunciado a sua demissão da liderança do partido. Agora, em 2025, nem ano e meio havia passado desde o seu sólido resultado nas europeias e Cotrim já anunciava a candidatura a Belém. E é esta aparente imprevisibilidade, este preocupante padrão em deixar o trabalho a meio, que torna o meu voto (e, acredito, o de outros tantos) em Cotrim tão reticente.
Cotrim de Figueiredo, por mais elevado que coloque o nível do debate político, é aquilo a que o mercado laboral veio a chamar de "job hopper". E um "job hopper" levanta sempre questões quanto ao verdadeiro comprometimento de alguém no longo prazo. Por outro lado, como confirmarão alguns membros de equipas de Recursos Humanos, não será também essa característica capaz de o aproximar tanto do eleitorado mais jovem?
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