Este ano, já tinha aprendido que é "merecida" uma pena de prisão a um humorista por um espectáculo de "stand-up". Nos últimos dias, aprendi que é "merecido" um activista político ser assassinado por causa das suas ideias.
Achava que, em 2015, o único aspecto positivo da horrível tragédia do Charlie Hebdo foi o da consensualidade de como nem desenhos nem piadas nem palavras eram equivalentes a tiros. Excepto, claro, para um alienado como o Gustavo Santos, que afirmava uma tese estulta de co-responsabilização por parte da vítima porque "se sou responsável pelo que digo, sou também responsável pelo que me acontece por causa do que digo".
Infelizmente, suspeito de que, se o massacre do Charlie Hebdo fosse hoje, seriam mais os "Eles estavam a pedi-las" do que os inúmeros "Je suis Charlie" que solidariamente surgiram na altura.
10 anos depois, aprendizes de Gustavo Santos é o que não falta por aqui. Honestamente, não conheço maior sinal de que a sociedade está irremediável e a civilização à beira de colapsar.
E merecemo-lo.
Sem comentários:
Enviar um comentário