domingo, 23 de outubro de 2022

Jantar de equipa do trabalho. Sento-me junto de um colega mais velho, pai de família, que afirma não ter problemas em tirar de circulação videojogos violentos ao seu filho adolescente. O argumento que apresenta é já conhecido: a alegada facilidade com que a juventude é influenciada pela violência fictícia, procurando replicá-la no mundo real. Digo-lhe que, enquanto antigo "gamer", acredito no contrário. A violência simulada dos videojogos providencia um ambiente inofensivo que ajuda a expurgar os impulsos agressivos mais nocivos do ser humano. É na ausência dessa simulação que nos devemos preocupar como é que o jovem poderá suprimir qualquer necessidade destrutiva que tenha. Há um lado terapêutico, libertador, catártico nos videojogos violentos frequentemente menosprezado. E quem demoniza a indústria que os cria está só à procura de um bode expiatório fácil para o que é um agregado complexo de factores sociais, educacionais e psicológicos que, em conjunto, influenciam a construção de um potencial delinquente.

(A resposta que o dito colega me deu foi, sem ironia, aquela que lhe garantiu a vitória do improvisado debate: "Epá, tem um filho e depois falamos.")

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