quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Filmar a ausência

Não tinha ainda visto o Ida e gostei particularmente deste momento, com a secura da câmara e inexpressão da montagem diante a saída de cena (e do mundo) de uma personagem. Nenhum drama, nenhuma hesitação, e ao mesmo tempo a tremenda indiferença com que o sujeito filmado dá o derradeiro salto, feito com a maior naturalidade, deixando o espectador de olhos fixos no céu. Nenhum plano subjectivo durante a queda, nenhum corte para o chão no seu fim, nada. É a sensação fixa de vazio do quarto que permanece. Filmar a ausência é qualquer coisa como isto.

La meglio gioventù (2003), Marco Tullio Giordana
Ida (2013), Pawel Pawlikowski


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