Os The National (sobretudo, o guitarrista Aaron Dessner) trabalham com ela. O Schrader adora-a. E o Springsteen chama-lhe "super talentosa e uma escritora tremenda". Quando tenho uma das minhas bandas favoritas, um dos meus cineastas de eleição, e o meu cantor predilecto a recomendarem-me o mesmo artista, claro que vou atrás. Estavam todos certos. É a ponte entre a Madonna e a Joni Mitchell, juntando o lado pop guloso da primeira com a cartografia sentimental traçada por um vocabulário rico e confessional da segunda. Quem escreve versos como "I'll stare directly at the Sun, but never in the mirror" só pode saber bem para que serve isto da música. Raios... Foi nisto que me tornei. A porra de um "swiftie".
sábado, 27 de maio de 2023
domingo, 21 de maio de 2023
Da próxima vez que, percorrendo a caixa de comentários de uma crítica cinematográfica do Público de sentido de humor mais aguçado, encontrarem alguém manifestamente mui indignado e enraivecido (clamando irascivelmente juízos como, "Que arrogância!", "Isto não se diz assim!", "Enquanto membro da audiência deste filme, sinto-me ofendido!", seguidos daquela apreciação clássica, "O Roger Ebert é que era um grande crítico!"), sorriam, percorram os dedos pelo teclado, e respondam-lhe tranquilamente assim: "Ai é? E sabes o que é que o teu querido Ebert escreveu sobre a audiência, certa vez, numa crítica ao 'Reflections in a Golden Eye'?"
sexta-feira, 19 de maio de 2023
Se uma pessoa quiser ter noção do absurdo e da pouquíssima coerência a que chegaram os puritanismos contemporâneos, não há nada como ver cinema na mamã FOX. Por exemplo, o "Logan". Eis um filme pesado e violento, onde se fala explicitamente em suicídio, onde há facadas que provocam decapitações sangrentas, e onde nem faltam tiros gráficos capazes de levar atrás um terço de uma cabeça humana. E, no entanto, qual é que é a coisa gravíssima que leva a mamã FOX a dizer, "Não, isto é que é uma linha vermelha. É este o ponto em que iremos avisar o espectador de que isto não é um comportamento apropriado.", poluindo a obra com sinais paternalistas de advertência?
terça-feira, 16 de maio de 2023
Que a M80 está mais Rádio Comercial, já o sei há uns tempos, tanto pela regularidade com que vem a passar música da última década e meia, como pela exasperante boa disposição matinal enérgica dos locutores, sujeitos que, certamente, têm uma intravenosa ligada a uma Nespresso e não entram em estúdio sem antes inalarem uma botija inteirinha de óxido nitroso. Mas, descobri-o há poucos dias, parece que a Rádio Comercial também está mais M80, como comprova esta amostra de uma das suas mais recentes "playlists". O Universo arranja maneira de encontrar o equilíbrio. Pelo menos, o universo radiofónico português arranja.
domingo, 14 de maio de 2023
sábado, 6 de maio de 2023
Pedi ao "HuggingChat" para me escrever um solilóquio shakespeareano sobre um taverneiro português com uma unha encravada. Deixo aos meus amigos de literatura a avaliação dos méritos estéticos do resultado (apelando que ignorem a manifesta ausência de pentâmetros iâmbicos), mas creio que uma descrição da onicocriptose nunca tinha suscitado tanto "pathos" como até aqui.
domingo, 30 de abril de 2023
O Linkedin alertou-me para uma alternativa ao ChatGPT que não envolve subscrição chamada HuggingChat. Estive a testá-la como se deve testar este tipo de plataformas: com base num tema que se conhece relativamente bem.
Comecei por lhe perguntar se sabia quem era o Ricardo Araújo Pereira. Respondeu-me que era um futebolista, nascido em 2000, que jogava no Arouca (?!). Disse-lhe que não, que era um humorista português. Ele agradeceu-me a correcção e disse que sim, que era um humorista, mas nascido em 1987 e actor de filmes como "Dia de Pagar o Pato" (??!!). Corrigi-o mais uma vez, afirmando-lhe que tinha nascido em 1974 e que fez parte de um grupo de comédia chamado "Gato Fedorento". Ele pediu-me desculpa pelo erro e deu-me razão: fez parte do "Gato Fedorento", um grupo co-criado pelo Nuno Markl, pelo Marco Horácio e pelo Vasco Graça Moura (???!!!), complementando que se tinham separado em 2005 mas que se tinham reunido para várias edições do Festival da Canção (?!x∞). Já ligeiramente enervado, corrigi-o de novo, dizendo-lhe que o "Gato Fedorento" tinha sido criado por Ricardo Araújo Pereira, Zé Diogo Quintela, Tiago Dores e Miguel Góis, em 2003, num blog, e que se tinha expandido para programas de sketches televisivos. O chat lá voltou a desculpar-se e afirmou que o "Gato Fedorento" tinha começado na Sic Radical e que passou para a RTP1, a única informação correcta até aqui, a qual rapidamente ficou eclipsada pelos novos dados errados que providenciou: o Zé Diogo Quintela deixou o grupo para se dedicar ao cinema e o grupo continuou como um trio, desenvolvendo uma plataforma digital onde os utilizadores interagiam entre si. Passei-me com o bicho, e a forma como esta conversa terminou (é dele a última frase) fez-me pensar se eu próprio não estive a viver um sketch escrito por estes rapazes.