A acreditar na possibilidade da alternância política ao centro, fui ouvir o discurso de abertura do Montenegro no congresso do PSD de ontem. E qual não é o meu espanto quando compreendo que a forte inspiração do seu "speechwriter" não foi Ted Sorensen, não foi Martin Luther King, mas sim Walt Disney, chamando Mortágua de "Cinderela" e afirmando que Pedro Nuno Santos acordou, um dia, ao espelho para dizer impulsivamente: "Espelho meu, espelho meu, quem decide um aeroporto mais rápido do que eu?".
Depois, fui ouvir o discurso de encerramento, também lido por ele. Fala em propostas para agradar ao eleitorado de esquerda: aumento das pensões, acesso gratuito ao ensino pré-escolar e reposição integral do tempo dos professores. Mas também em propostas para agradar ao eleitorado de direita: redução da carga fiscal e menor dependência de subsídios externos. E ainda refere que isto tudo, assim, é possível sem truques e sem colocar em causa o equilíbrio das contas públicas. Faz sentido a inspiração em Walt Disney. Um projecto que promete tudo isto e desta maneira só pode ter sido escrito por alguém que tenha como principal referência o Pinóquio.
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