É de peso cinematográfico aquele travelling de 360º que reúne DiCaprio a De Niro (os dois actores, que é como quem diz as duas fases, que é como quem diz os dois cinemas, mais reconhecíveis da obra scorsesiana) pela primeira vez. É de peso cinematográfico aquelas imagens expressionistas feitas de fogo, silhuetas e desfoque num bravo momento de incêndio. É de peso cinematográfico toda a sequência de perguntas-respostas final no tribunal onde a câmara exclusivamente se foca, sem cortes, no rosto de DiCaprio. Mas é de uma leveza televisiva aqueles campos-contracampos totalmente convencionais nas cenas de diálogo, aquele acumular excessivo de personagens e enredos secundários que trazem mais gordura que densidade à história, aquela característica organização de uma obra por blocos temáticos e tonais que parecem tornar um filme numa mini-série onde as pontas dos episódios foram atadas entre si.
Era o Pedro Mexia que definia o "Gangues de Nova Iorque" como um empate entre o Scorsese e a Miramax. Não vejo razões para não definir "Assassinos da Lua das Flores" como um empate entre Scorsese e as plataformas.
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