Vejo a reportagem do Now de ontem sobre as condições dos prédios lisboetas para onde vão morar os imigrantes indostânicos que aguardam os atestados de residência. 2 ou 3 beliches a caberem à tangente num quarto pequeno, sótãos de tecto baixo com 4 ou 5 colchões ao lado uns dos outros, meia dúzia de bilhas de gás fechadas numa cozinha sem janela aberta, paredes de tinta lascada, banheiras imundas, fios eléctricos expostos, a humidade, a sujidade, a parca salubridade de divisões onde nem dadas aceitaríamos estar mas que ali são cobradas por 900€ o mês.
Depois, vejo o debate que se lhe segue, onde perguntam ao presidente da junta de Santa Maria Maior, Miguel Coelho, como é possível ele deixar aquilo acontecer. Algumas das respostas: "Não é da minha competência"; "Não fiz nem tenho de fazer esse trabalho"; "O que é que eu tenho a ver com isso?"; "Quem permite isto é o país"; "Há portugueses que também vivem mal porque foram expulsos pelo alojamento local ou pela lei Cristas"; "Eu tenho é a ver com o buraco no passeio e o lixo na rua."
E, de súbito, diante de tamanha altivez e alijar de responsabilidades, as imagens daquelas casas não me parecem ser tão repugnantes.
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