segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Primeiro, foi o "Joker 2"; depois, foi o "Megalopolis"; agora, é este filme que ousa pisar fortemente a linha do risco, marimbando-se por completo para eventuais reacções de rejeição de uma audiência menos dada a experimentos. Encontro entre o tom agridoce para o grande público de um Steven Spielberg com a rigidez formal para um nicho limitado de um Michael Snow, resulta num oxímoro cinematográfico a que se pode chamar de "arthouse mainstream". Independentemente da apreciação subjectiva de cada um, 2024 foi um ano onde não escassearam provas de que o cinema americano, quando tem vontade, talento e recursos em mãos, ainda está disposto a dar o peito às balas sem medos.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

"Vai ver o Wicked!", "Porque é que não vais ver o Wicked?", "Vê lá o Wicked!"

Caros, a ver se nos entendemos, independentemente da qualidade do dito objecto cinematográfico (que não ponho em causa), não vou ver o "Wicked" pela mesma razão que não vi qualquer "Dune" ou "Horizon": porque não quero dar um bilhete inteiro para ver um meio / um terço / um quarto de filme. Parte do apreço que nutro pelo cinema está na sua capacidade concisa de contar histórias, não necessitando de um formato de serialização que impinge ao espectador a necessidade de um retorno forçado à sala para obter uma narrativa completa. Dispenso gorduras acessórias (diálogos, cenas, personagens, enredos) que levam à hipertrofia ficcional porque, para isso, já existe a televisão. Entenda-se: é menos uma objecção ao filme em si do que ao modelo de negócio que o sustenta. Mas estou disposto a ir ver qualquer um dos títulos acima enunciados se me cobrarem o preço adequado de um meio / um terço / um quarto de bilhete.

Dito isto, aproveitei o relativo entusiasmo colectivo em torno do dito cujo para riscar esta entrada da lista dos "filmes a ver" que tinha pendente há anos, nomeadamente desde que descobri que o Walter Murch é uma das pessoas mais interessantes a falar sobre cinema (sobretudo, do processo da montagem, como o compravam os deliciosos livros "In the blink of an eye" e "The conversations") e que esta foi a sua única aventura na realização. Não é perfeito, mas também não é merecedor do parcial olvido a que parece ter sido destinado. No meio desses extremos, das várias apreciações justas a que se possa a ele tecer, salienta-se uma inesperada revelação: Murch é o elo que faltava para unir Jim Henson a Tim Burton. Que saudades de uma Disney negra e sem medo de traumatizar criancinhas (lembram-se do "Taran e o Caldeirão Mágico"?) como foi a dos anos 80.

Return to Oz (1985), Walter Murch

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

A grande diferença do Grok-2 face às outras ferramentas de geração de imagens por IA é a ausência de filtros quanto à utilização da figura de pessoas reais ou de personagens protegidas por direitos de autor. O que quer dizer que, se não for usado responsavelmente, a diversão de uns pode-se tornar, rapidamente, na desinformação de outros.

Posto isto, não sei se já viram as notícias, mas o Montenegro e a Gal Gadot assumiram o relacionamento. E o André Ventura tem um novo aliado político.




quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Graças ao Grok-2, por fim, tenho resposta a uma questão que transportava há anos: "Como teria sido o 25 de Abril se, no lugar de cravos, a Celeste Caeiro tivesse distribuído chocolates?"




sábado, 7 de dezembro de 2024

O que é a Justiça? Deve um homem mau ser condenado por um crime que não cometeu? Deve um homem bom ser perdoado por um que efectivamente praticou? Entre a consistência do passado e um lapso do presente, o que tem mais peso na balança de Témis? As instituições estão realmente blindadas contra a parcialidade, a intolerância e o preconceito? E até que ponto devemos aceitar a utilização do Google como mecanismo de resolução dramática? Quão bom e raro é ver isto hoje em dia: um filme que opta por interrogar sussurradamente o espectador ao invés de lhe gritar toda e qualquer resposta que ufanamente creia como certa.

Juror #2 (2024), Clint Eastwood