domingo, 4 de agosto de 2024

Durante a 1ª metade, o entusiasmo é total, criando enormíssimas expectativas sobre o objecto de que estamos diante: um filme de série B (daqueles que Carpenter ou de Palma chamariam um figo) concentracionário e estiloso, decorrido quase totalmente num único espaço (e logo numa arena de concertos, local tão cinematograficamente sedutor e pouco explorado) e em tempo real, explorando vulnerabilidades de segurança na eventualidade de uma manobra táctica para encurralar um astuto criminoso. O suspense proveniente da sensação de cerco que a cada minuto se aperta, assim como a simpatia espoletada pela figura do assassino na procura de possíveis escapatórias, são de uma eficácia hitchcockiana que coloca (temporariamente) "Trap" ao nível dos melhores de Shyamalan. Mas depois, muda-se o espaço, muda-se o ponto de vista, muda-se até o protagonista, para dar lugar a uma segunda metade de soluções narrativas pouco convincentes ou já muito conhecidas filmadas sem particular fulgor na pacatez familiar do espaço doméstico suburbano. O argumento sempre foi o ponto fraco de Shyamalan, mas não se esperava um erro de principiante como este: dar a melhor parte no início. Um filme que tem tanto de fascinante como de frustrante.

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