Em cima: Brevemente, num blog perto de si.
Em baixo: Recado de Michael Powell a Martin Scorsese sobre o 2º volume das suas memórias.
«Sob as peripécias rocambolescas de um argumento que escapa a todas as convenções apresenta-se um estranho romance de aprendizagem, tocante e burlesco, fabuloso e saboroso. A candura e a astúcia, a violência e a generosidade conjugam-se com uma frescura desarmante. A narrativa flui como uma corrente de ondas matizadas, jorra, repercute, desacelera, tranquiliza-se em paisagens como que saídas do começo do mundo (ah! O esplendor dos prados de Lubéron), retoma os rumos, infatigável... Corremos, sonhamos, desorientamo-nos sob um ritmo vertiginoso, à maneira de Pierrot le fou. (...) No paraíso verde onde se reencontram os amores de infância.» Jean Collet, daqui
Les Savates du Bon Dieu (2000), Jean-Claude Brisseau
«Para um cinéfilo é claro. "Les Savates du Bon Dieu" é "Bonnie and Clyde" do Arthur Penn com uns pozinhos d'"As 1001 Noites". Ou, por outras palavras, um filme noir que se torna num conto de fadas. Pensem na abóbora que se transforma em carruagem. É isso que "Les Savates du Bon Dieu" é.» André Labarthe
(Em suma, um Brisseau tão encantado pela fantasia do conto infantil, com toda a aprendizagem moral que implica, como pela cinefilia de adolescentes revoltados e amantes em fuga. Repete na segunda-feira e é, numa palavra, mágico.)
Les Savates du Bon Dieu (2000), Jean-Claude Brisseau
Aladdin (1992), Ron Clements e John Musker
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Thief (1981), Michael Mann |
O nosso herói: "Ajudava as pessoas na feira a acartar coisas e elas davam-me gorjetas. E com o dinheiro que fiz dessas gorjetas, paguei duas aulas de guitarra dadas por um chinês."
Um antigo cantor de bailaricos da aldeia: "Peguei numa mini fria, e pumba, aquilo lixou-me uma corda vocal."
Um homem com aspecto de mauzão: "Eu às vezes, quando estou em baixo em termos amorosos, ponho-me a ouvir as músicas do Tony. E aquilo bate-me."
O nosso herói, no fim de um concerto numa pequena terra: "À esquerda, temos CDs à venda. Se quiserem, vão comprá-los que eu faço um autógrafo. E as bailarinas também fazem... autógrafos!"
E o plano com fotografias do nosso herói com uma fã, coladas nesse objecto caseiro tão favorável a memórias chamado bimby.
(Se se lembrarem de mais, acrescentem.)
A quem interessar, umas palavras sobre o novo filme da Claire Denis, bastante divisório por cá. Eu gosto.
(Adicionalmente, hoje às 19h na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, passa o "Beau Travail" dela. Quem não o conhece, tem agora uma oportunidade de ouro de o fazer. É um dos verdadeiros casos em que o filme faz jus ao título que acarreta.)