segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Jean-Luc Godard sobre Bitter Victory (1957) de Nicholas Ray:

«Havia o teatro (Griffith), poesia (Murnau), pintura (Rossellini), dança (Eisenstein), música (Renoir). Agora há o cinema. E o cinema é Nicholas Ray. (...) Bitter Victory não é uma reflexão da vida, é a própria vida tornada em filme, vista por trás do espelho onde o cinema a intercepta. É de uma vez o mais directo e o mais secreto dos filmes, o mais subtil e o mais bruto. Não é cinema, é mais do que cinema. (...)

Como é que alguém pode falar de um filme assim? De que adianta dizer que o encontro entre Richard Burton e Ruth Roman enquanto Curt Jurgens observa é editada com um brio fantástico? Talvez esta tenha sido uma cena onde os nossos olhos se tenham cerrado. Pois Bitter Victory, como o Sol, fecha-nos os olhos. A verdade cega.»


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