Invistam na leitura da carta de despedida de Warren Buffett aos accionistas da Berkshire Hathaway e recebam um pouco da mais anciã sabedoria como dividendo.
"Decide what you would like your obituary to say and live the life to deserve it."
O aumento de impostos pode levar à saída de empresas da cidade, comprometendo a economia local e o número de postos de emprego. O congelamento de rendas pode resultar em casas delapidadas e abandonadas, reduzindo a oferta no mercado. E a gratuitidade de autocarros pode ameaçar a manutenção de frotas e a continuidade de carreiras.
Recomendaria muito mais prudência (e uns quantos manuais de economia) aos que hoje celebram entusiasticamente a vitória de Mamdani em Nova Iorque.
De quando em vez, nos intervalos entre as costumeiras catilinárias contra a Rádio Observador e os enésimos desabafos sobre a "cloaca das redes sociais" (pesquisem a expressão assim, entre aspas, no Google e comprovem como não exagero), o Pacheco Pereira ainda se mostra capaz de grandes momentos de televisão.
Colocando alguns "filmes do ano" do ano passado em dia, cheguei finalmente ao "Challengers". Sucintamente, gostei. Achei estiloso, barroco, virtuoso, electrizante, sensorial, entre tantos outros lisonjeiros adjectivos que muitos críticos já aplicaram. E, no entanto, contrariamente ao que alguns deles também afirmaram, não o achei sexy. Lamento imenso, mas a Zendaya, com aquela cara de menina com a puberdade por resolver, parece a irmã mais nova de toda a gente. E por isso, nas cenas mais quentes do filme, ao invés de me sentir envolvido, dei por mim a questionar se a jovem já era maior de idade para entrar nelas, enquanto olhava de soslaio para a porta, temeroso de que a polícia me entrasse pela casa adentro.
Será um neologismo que, suspeito, se tornará recorrente ouvir nos próximos tempos. O que não implica a ausência de soluções para o combater. Alguns dos jantares universitários mais felizes de que guardo memória não foram passados em restaurantes nem em espaços de restauração chiques, mas simplesmente na casa de amigos com quarto arrendado em Lisboa, aonde nos deslocávamos facilmente, após mais um dia de aulas, com pizzas do Pingo Doce de menos de 3€ e uma ou outra volumosa garrafa de refrigerante. Como era fácil dividir as despesas associadas entre todos, não havia a pressão social de retribuir o convite nos respectivos lares de cada comensal. Anos depois e com todos em situações financeiras mais confortáveis, não veria qualquer problema em repetir a experiência. E se a pizza do Pingo Doce não é a opção de valor nutricional mais apetecível, há sempre a hipótese criativa (e arriscada, reconheço) de organizar jantares feitos de magic boxes da "Too Good To Go".
Já sabia da recomendação de restaurantes no programa de comentário político do Isaltino Morais no canal Now, "Isaltino no Now". Mas o mais original não é isso. É o segmento que o antecede, onde classifica vários acontecimentos marcantes da semana recorrendo a termos gastronómicos. No caso de ontem, a aprovação do próximo orçamento de Estado saiu "No ponto", a campanha eleitoral para as presidenciais de André Ventura soube a "Azeda" e o desempenho de Mariana Mortágua na liderança do Bloco ficou "Insonso". Justificar-se-ia a renomeação do programa para "Boa Política Boa Mesa".
No último "Assim vamos ter de falar de outra maneira", é abordada uma questão querida a muitos rapazes de qualquer geração: "Quando viste o primeiro par de seios na tua vida?" Os intervenientes apontam filmes e séries visualizados na adolescência. No meu caso? Comparado com eles, fui mais precoce, tendo tido uma infância nesse aspecto felizarda graças a outro tipo de entretenimento também popular numa era pré-internet: genéricos de telenovelas da TVI.
Duvidam? Então, abram uma janela no youtube, façam uma maratona deles e deixem-se surpreender com a quantidade de seios que por lá pululam:
Até ao "Tu e Eu", duas coisas estavam praticamente asseguradas nos genéricos das telenovelas do canal 4: estética kitsch e maminhas ao léu. Andavam alguns da minha geração esperando pacientemente que os pais saíssem de casa para usurpar a cassete do "Titanic" e fazer "fast-forward" para uma certa cena, quando, afinal, bastava apenas ser bom filho e fazer companhia à mãe todas as noites durante um breve minuto. Um minuto que, recorde-se, passava em horário nobre e sem bolinha. O que safou a estação de Queluz de Baixo foi não haver redes sociais na altura.