quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Já tinha ouvido o Daniel Oliveira afirmar, sem ironia, que o PSD, ao invés de arranjar acordos com o Partido Socialista, tinha de procurar entendimentos com o Chega. No último domingo, n'"O Princípio da Incerteza", foi a vez de Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS e braço direito de Pedro Nuno Santos, apresentar esse argumento. E, quando o seu colega de painel menciona o "não é não" e a grande linha vermelha que Montenegro, apesar de todas as pressões internas e externas, insiste em não quebrar, eis que Alexandra retoma aquela caricata tese pós-eleitoral de Rui Tavares (causadora, na altura, de gargalhadas até à esquerda): "Se os 50 deputados do Chega não contam, então quem devia ter sido chamado a governar era o PS porque a esquerda - PS + Livre + BE + PCP - tem mais deputados (91) que a AD e a IL (88)".

Tanta tinta corrida e tanta saliva gasta sobre o risco de normalização do Chega e eis que encontramos, 7 meses depois, parte da esquerda a ser contribuidora disso mesmo. E, quando lhe recordam do óbvio, ao invés de demonstrarem maturidade política, optam por encimar uma tese que já não é, sequer, o parlamentarismo a que tantos se agarraram para validar a controversa indigitação de António Costa em 2015. Para além de se esquecerem de que foi Pedro Nuno quem correu a anunciar que ocuparia o lugar da oposição nesta legislatura quando os resultados ainda nem estavam fechados.

E vejo, nas redes sociais, pessoas a referirem-se a isto como "grande inteligência". É grande, sim. Mas não é inteligência. É só falta de noção.

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