«Nunca dorme, diz ele. Diz que nunca vai morrer. Faz uma vénia aos músicos e saracoteia-se às arrecuas e atira a cabeça para trás e a plenos pulmões e é muito benquisto entre os presentes, o juiz. Agita o chapéu e a cúpula lunar do seu crânio passa sob os candeeiros em reflexos pálidos e ele ginga para cá e para lá e apodera-se de uma rebeca e faz piruetas e rodopia uma vez, duas vezes, a dançar e a tocar rebeca ao mesmo tempo. Tem o pé leve e ligeiro. Nunca dorme. Diz que nunca vai morrer. Dança na luz e nas sombras e é muito benquisto. Nunca dorme, o juiz. Dança, dança sempre. Diz que nunca vai morrer.»
«Meridiano de Sangue», Cormac McCarthy. Trad. Paulo Faria
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