Um amigo meu diz-me que ainda não viu o "Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo". Digo-lhe que, embora tenha gostado, recomendo-o a ainda não se arriscar a vê-lo. A razão? Simples. Vi-o quando estreou em Abril passado e não nos últimos meses. O prazo de validade para uma visualização de mente aberta, livre e imparcial está temporariamente expirado, e se o "hype" era considerável há um ano, no entretanto atingiu uma tamanha dimensão gargantuesca que o espectador informado dificilmente não se verá forçado a entrar céptico e relutante à euforia. Há uma diferença abissal entre entrar numa sala sabendo que se vai ver um filme independente bem recomendado e um monopolizador das temporadas de prémios brutalmente publicitado. Não se reagirá ao filme, reagir-se-á às reacções que o filme suscitou. E, por isso, creio que a altura certa para se ver um filme é antes de este se transformar num fenómeno cultural ou após deixar de o ser. O que está entre um momento e outro pouco tem a ver com cinema.
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