"Grande Gatsby" + "Nickelodeon" + "Dia dos Gafanhotos" + "Serenata à Chuva" + uns pozinhos de Stan Brakhage lá para o fim. É um cocktail explosivo, arriscado, certamente extravagante, e, no entanto, não tão impossível para estômagos sensíveis como tinham alertado (ou isso ou na sessão onde fui éramos todos muito rijos). É também raro, delicioso, inebriante, e, sobretudo hoje em dia, de uma enorme e salutar refrescância. Megalomania abençoadamente decadente, planos-sequência sempre motivados pelo movimento das personagens, montagem paralela a garantir a sincronização tonal das trajectórias das figuras principais, e uma banda sonora meticulosa que calibra e coordena o ritmo voraz desta parada hedonista rumo ao abismo. Como se não bastasse, adicione-se Margot Robbie de vestido vermelho, Brad Pitt de carisma de meia-idade, uma citação (directa ou indirecta? perguntem ao Chazelle) ao "Le papillon de Griffith", outra ao "Marrocos" do Sternberg, e uns 10 minutos finais que, sem diálogos, dizem mais sobre o cinema do que toda a retórica d'"Os Fabelmans". Perguntam-me se sou "team Babylon"? Ó meus amigos, se for preciso, até jogo a ponta-de-lança.
Babylon (2022), Damien Chazelle
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