domingo, 17 de agosto de 2025

"É o pior filme que já vi na minha vida."

"É ainda pior que o remake d''O Pátio das Cantigas'."

"Está ao nível da minha peça de finalistas do 3º ciclo."

(Comentários de dois familiares meus, que não são propriamente cinéfilos, sobre "O Pátio da Saudade" de Leonel Vieira, heróico realizador que faz "filmes portugueses para o público".)

sábado, 16 de agosto de 2025

Vale a pena discutir a solução de Dov Waxman para o conflito israelo-palestiniano. O autor inglês não acredita na solução dos dois Estados (algo implausível depois do assassinato de Yitzhak Rabin, do fracasso dos Acordos de Oslo e da Segunda Intifada) nem na solução do Estado único (um "sonho utópico liberal", como o próprio o define, inaceitável para Israel devido à divergência das taxas de natalidade que, mais tarde ou mais cedo, tornaria os israelenses numa minoria dependente da vontade maioritária dos palestinianos). Muito menos numa limpeza étnica de uma das partes. Sucintamente, a solução de Waxman passa por dois Estados soberanos, Israel e Palestina, unidos numa confederação semelhante ao dos Estados-membros da União Europeia.  

Em que difere da habitual solução dos dois Estados? Na governação conjunta de certas áreas (água, ambiente), na cooperação extensiva em sectores estratégicos (segurança, economia), numa fronteira aberta de forma gradual (permitindo a livre circulação de bens e pessoas) e, finalmente, na administração de Jerusalém de modo conjunto e internacionalmente supervisionado. Junte-se a isto a disjunção entre direitos de residência e de cidadania, e tanto a questão dos refugiados palestinianos como a dos colonos israelenses estariam (pelo menos, em tese) resolvidas, garantido aos primeiros o direito de regressarem e aos segundos a segurança de permanecerem. A tese está sumarizada na seguinte analogia: "a solução convencional de dois Estados propõe um divórcio (e uma divisão de bens) entre israelitas e palestinianos, uma solução de um Estado propõe um casamento arranjado (ou até forçado) e uma solução confederal sugere que coabitem e formem uma parceria entre colegas de casa."

(Óptimo livro que explora tanto as narrativas de ambos os lados como os acontecimentos históricos mais marcantes e que, como suspeitava, me deixou no final com mais questões do que quando o comecei, lembrando tantas e tantas vezes aquela frase do Renoir simultaneamente certeira e terrível: "O problema do mundo é que todos têm as suas razões.")