quinta-feira, 31 de julho de 2025

Coitada da Regina Spektor que, em 2025, tem o duplo infortúnio de ser russa e judia, numa altura em que tantos confundem "russo" com "putinista" e "judeu" com "netanyahuista", esperando que cada artista em qualquer uma destas condições debite slogans de activismo de sofá (incluindo em concertos que as boas almas virtuosas não têm o minímo de pudor em perturbar) sob o risco de ser visto como um pária na manhã seguinte pela Internet. Já não se pede a um artista que seja bom, pede-se que seja um estandarte moral imaculado capaz de exibir ou enjeitar a sua nacionalidade ou religião de acordo com a situação geopolítica da época, mesmo que a geopolítica passe e a arte fique.

Não me interessa que a Spektor seja russa ou judia (que é), não me interessaria que fosse partidária das políticas de Putin ou Netanyahu (que, até onde sei, não é). Interessa-me aquilo que, para mim, desde que a ouvi pela primeira vez, sempre foi: uma cantautora extraordinária, cujas canções são capazes de unir ao invés de separar e de transcender a ignorância e o preconceito. Pelo menos para os que estão dispostos a ouvi-las.

Sem comentários:

Enviar um comentário