Aprendi com a administração W. Bush: a importância de saber manipular a semântica. Se queremos apoio popular para aquilo que fazemos, há que arranjar uma expressão capaz de o angariar, substituindo uma dura e rigorosa por outra mais leve e digerível. Assim, essa administração não autorizou práticas de "tortura" em Abu Ghraib ou Guantánamo, mas sim "técnicas de interrogatório reforçadas". De igual modo, com Trump, acções como a deportação de activistas pró-Palestina ou o corte de fundos para universidades onde estes se manifestaram estão a ser apelidadas de "medidas de combate ao anti-semitismo". São poucos os que gostam de deportações de manifestantes. E também os que apreciam cortes de verbas universitárias. Mas, que mais não seja pelas cicatrizes históricas deixadas no século passado, somos todos (ou quase todos) favoráveis à luta contra o anti-semitismo.
Tudo isto para dizer: soube hoje que foi iniciado, por esta administração, um grupo de trabalho para "erradicar preconceitos anticristãos". Não sei o que o termo oculta, mas suspeito que o saberemos em breve por parangonas articuladas de outras maneiras onde só uma característica será certa: a ausência do eufemismo.
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